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Alckmin encerra convênio para alfabetização de adultos e deixa 15 mil sem aulas em SP

Desde janeiro, jovens e adultos que buscam matrícula em cursos de alfabetização oferecidos por quatro ONGs paulistas são informados do fim do programa Alfabetiza São Paulo. O programa, criado em 1997 e mantido pelo governo do Estado, deixou de repassar verbas para o pagamento de educadores e material escolar neste ano em razão de "readequação orçamentária". A interrupção do Alfabetiza São Paulo afeta 14.858 alunos, que deveriam ser atendidos em mais de 1.000 turmas espalhadas por 25 municípios da Grande São Paulo, segundo levantamento do Instituto Paulo Freire.

"Estávamos com 16 salas de aula. Quando soubemos do fim do convênio, pedimos que a parceria fosse mantida até o meio de 2015 para redirecionar os alunos, mas não conseguimos isso", explica Roseli Fonseca de Souza, coordenadora pedagógica do Conselho Comunitário de Poá, um dos centros que atendia pelo IBEAC (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário Queiróz Filho). Neste momento, o conselho mantém aulas para cerca de 150 estudantes, que dependem do trabalho voluntário dos educadores. Até o fim do ano passado, os educadores recebiam cerca de R$ 400 mensais para dar duas horas de aula por dia durante quatro dias por semana, além de reuniões pedagógicas. A coordenadora, no entanto, afirma que tem outros 200 alunos cadastrados esperando abertura de turmas.Na zona sul de São Paulo e arredores, o Conselho Comunitário de Campo Limpo continua com cerca de 30% das 82 turmas existentes em 2014 com educadores voluntários.

Para Alessandra Santos, do Instituto Paulo Freire, os alunos do programa têm dificuldade para entrar em outros projetos de Educação de Jovens e Adultos existentes. "Infelizmente nem todos os estudantes de Programa de Alfabetização conseguem ser absorvidos pelas escolas para a continuidade dos estudos, um dos motivos é a falta de oferta da EJA e, quando existe, a carga horária de muitas escolas não correspondem às necessidades desses estudantes trabalhadores." O programa mantinha turmas de alfabetização de adultos em escolas, associações comunitárias e igrejas.

Para a montagem das turmas, as organizações faziam uma pesquisa de porta em porta para cadastrar adultos analfabetos e qual seria o melhor horário para a turma. As aulas duravam duas horas por dia e eram realizadas quatro vezes por semana.` 'Nós temos um trabalho que é mais maleável, falamos sobre política, sobre direitos do cidadão, como tirar um documento, como pedir algo na Prefeitura. Quando você fala para esse estudante ir assistir aula nas salas da prefeitura, ele não quer porque lá tem um currículo normal em que o estudante entra, assiste aula e vai embora. Eles não querem esse tipo de aula e têm o direito de escolher", considera Roseli.


Por Trás do Blog
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